Busca por cidadania e autoestima. Esses foram os principais motivos que levaram cerca de 150 mulheres em situação de rua a participarem da “Rua de Direitos”, evento realizado no Centro Integrado de Atendimento à Mulher (CIAM) na manhã do dia 5 de março. A segunda edição da ação solidária foi integrada por vários órgãos públicos de Minas Gerais, como o Tribunal Regional Federal da 6ª Região, unidos por um só propósito: prestar uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
O TRF 6ª Região prestou atendimento jurídico e distribuiu chinelos, camisetas e kits de higiene para as mulheres. Na qualidade de presidente da Comissão de Assistência e Atendimento às Pessoas em Situação de Rua na corte, a desembargadora federal Luciana Pinheiro Costa também auxiliou nos trabalhos. “Vamos comemorar o Dia da Mulher levando generosidade, compaixão, solidariedade e amizade para essas mulheres que têm pontos de vulnerabilidade. Além, claro, da vulnerabilidade geral, que vem desse fardo de ser mulher de rua, de ser mulher negra e de ser mulher trans”, explicou ela, emocionada.
Além da assistência jurídica, houve também atendimento psicológico, emissão de documentos, orientações sobre benefícios previdenciários, arara com peças de roupas usadas, rodas de conversas sobre violência e sobre voto feminino. Também foi possível realizar perícias médicas com uma equipe do Centro de Reconhecimento de Paternidade (CRP).
Carinho e esperança ‒ Vanessa Coelho fez o curso de automaquiagem e regularizou o seu título de eleitor, transferindo-o para o Belo Horizonte. Natural de Pedro Leopoldo, ela ficou muito feliz com a possibilidade de poder votar na capital mineira. Ela passa o dia no CIAM ou mesmo nas ruas, ficando à noite nas imediações do bairro Lagoinha à procura de abrigo. “Me sinto feliz e amada pelo carinho que todo mundo tem com a gente aqui [no CIAM]. É uma coisa inexplicável e eu fico muito emocionada.”
A campanha solidária é uma iniciativa do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), por meio do Núcleo de Voluntariado e do Comitê PopRua/Jus, e em parceria com várias instituições. Nesse sentido, a desembargadora Maria Luíza Araújo, coordenadora do Núcleo de Voluntariado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (NV-TJMG) e presidente do Comitê Pop/Ruas/Jus, comentou: “Esta ação tem uma importância imensurável. Só de mãos entrelaçadas é que a gente consegue alguma coisa em rede a favor dessas mulheres. É por meio de ações como essa, que conseguimos diminuir um pouco a desigualdade social e levar dignidade e esperança”.