Montes Claros, no Norte de Minas, foi palco de um momento histórico e sem precedentes na Justiça Federal brasileira, sediando pela primeira vez uma sessão de um Tribunal em cidade do interior. O Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), o mais recente tribunal instalado no Brasil, realizou, no dia 6/6/2025, um evento marcante buscando aproximar-se dos cidadãos distantes da capital de Minas Gerais e construir uma nova identidade. A iniciativa foi amplamente celebrada pelas autoridades presentes, destacando a importância da descentralização da justiça e a singularidade do Norte de Minas.
O presidente do TRF6, desembargador federal Vallisney Oliveira, avaliou a sessão como "muito positiva", afirmando que se surpreendeu positivamente. Ele ressaltou que o evento cumpriu o horário e a pauta, sendo "difícil de ocorrer" logisticamente, ao sair da sede em Belo Horizonte com toda a estrutura e chegar a Montes Claros. A cidade, por sua vez, "recebeu muito bem" o Tribunal, com um "prestígio muito grande de estudantes, de advogados e de todos os interessados da comunidade jurídica. “É um evento histórico marcante, pois pela primeira vez no Brasil ocorreu numa cidade de interior uma sessão plenária judicial e administrativa de um Tribunal Regional Federal, o que nunca ocorreu", explicou o presidente.
O secretário-geral da Presidência, juiz federal Antônio Francisco do Nascimento, destacou a importância da presença do tribunal no Norte de Minas Gerais “para a identidade nacional do Tribunal Regional Federal da Sexta Região.” Ele afirmou que, naquele dia, “o tribunal estava temporariamente transferido para Montes Claros para realizar julgamentos históricos”, o que também é “um momento de celebração.”
O procurador-chefe da Procuradoria Regional da República em Minas Gerais, Patrick Salgado Martins, reforçou que sendo um "tribunal novo e pouco conhecido pela sociedade", quanto mais o TRF6 “abrir suas portas e comparecer”, mais próximo estará do cidadão, promovendo reconhecimento e valorização. Ele destacou ainda que o formato itinerante permite “resgatar o contato pessoal” com o jurisdicionado.
Já a desembargadora federal Luciana Pinheiro Costa, com uma conexão pessoal com a região, expressou sua grande felicidade pelo Tribunal vir para Montes Claros, região onde nasceu. “É uma região carecedora da presença efetiva da Justiça Federal, uma região poética, rica em cultura e valores, onde as pessoas encontram sentido em se doar e oferecer mais do que pedir. Ser dessa região é uma imensa alegria”, declarou.
A desembargadora federal Simone Lemos analisou a sessão como um “momento histórico muito importante na história do Tribunal”, que ainda está em formação. Segundo ela, a transferência provisória da sede para o interior reforça o compromisso do TRF6 em “construir essa nova identidade forte de um tribunal que se aproxima do jurisdicionado”.
Para o desembargador federal Lincoln Rodrigues de Faria, foi um momento “ímpar na história da Justiça Federal em Minas Gerais”. Ele enfatizou que, como único juiz oriundo diretamente do interior a compor o TRF6, ficou “maravilhado com essa iniciativa”. “É uma oportunidade de nos mostrarmos ao nosso jurisdicionado e deixarmos claro que estamos aqui para prestar um serviço à cidadania de Minas Gerais.”
O desembargador federal Boson Gambogi destacou que a sessão simboliza uma quebra de paradigmas. “É com muita alegria que vejo essa oportunidade de aproximar o tribunal do cidadão mineiro. Montes Claros, conhecida como capital do Norte de Minas e uma das regiões mais carentes do nosso estado, nos acolheu com entusiasmo. Isso só reforça a proposta do TRF6 como um tribunal democrático, horizontal e 100% digital, nascido para estar perto da população.”
Já o desembargador federal Klaus Kuschel ressaltou a importância da aproximação com a comunidade jurídica local. “Montes Claros é a principal cidade do Norte de Minas, e essa aproximação do tribunal com o jurisdicionado, com os advogados e com a população é fundamental. Estou muito satisfeito com o resultado e espero que tenhamos conseguido mostrar o nosso trabalho e fortalecer esse vínculo com a sociedade.”
A sessão plenária em Montes Claros marcou, portanto, não apenas um avanço logístico e institucional, mas principalmente um gesto simbólico: levar o poder judiciário federal para mais perto de quem mais precisa dele. Uma história que começa a ser escrita com os olhos voltados para o interior.