Juiz federal do TRF6 destaca persistência do racismo estrutural em palestra no Rio de Janeiro

A imagem tem como título, centralizado na parte superior, o texto:
"A COR DA JUSTIÇA" em letras maiúsculas, elegantes e pretas.
Logo abaixo, há o subtítulo:
"Representatividade, Autodeclaração e Heteroidentificação", escrito em preto, com a palavra "Autodeclaração" destacada em marrom escuro.

No plano de fundo, tons suaves de bege, branco e cinza formam ondas abstratas, dando um ar artístico e acolhedor.

Na parte inferior da imagem, há cinco silhuetas em perfil de pessoas negras, com cabelos crespos e afros. São figuras femininas e masculinas de diferentes idades, representando diversidade racial e geracional. As silhuetas variam em cor: marrom escuro e preto, e algumas delas usam brincos de argola, reforçando traços culturais afro-brasileiros.

A imagem transmite uma mensagem de identidade racial, justiça e inclusão.

Vice-diretor do Foro da Seção Judiciária de Minas Gerais, o juiz federal Grigório Carlos dos Santos participou, nesta segunda-feira (13/5), da conferência de abertura do Curso Nacional sobre os Enunciados de Equidade Racial, promovido pelo Conselho da Justiça Federal, no Rio de Janeiro. O evento marcou o Dia da Abolição da Escravidão no Brasil com uma reflexão crítica sobre o papel do Judiciário na promoção da igualdade racial.

Durante sua fala, Grigório fez uma análise histórica do pós-abolição e alertou para as consequências atuais da ausência de políticas públicas estruturantes após a assinatura da Lei Áurea. “O Brasil libertou os escravizados sem lhes oferecer terra, abrigo, educação ou trabalho digno. Os recém-libertos foram lançados à marginalidade, ao desemprego e ao abandono, enquanto os senhores mantiveram seu poder econômico e político intocados.”

A palestra também abordou conceitos da filosofia e da teoria crítica racial. O magistrado citou o “contrato racial”, de Charles Mills, que descreve o pacto tácito que estrutura a sociedade de maneira a favorecer pessoas brancas, mantendo a exclusão sistemática da população negra. E recorreu à hermenêutica negra de Adilson Moreira, destacando que “o racismo opera como uma gramática do mundo, que define a quem se dá escuta, respeito e humanidade”.

Para Grigório, reconhecer essa lógica estrutural é essencial para mudar a atuação do sistema de Justiça. “Precisamos revisar nossas decisões, identificar onde reproduzimos desigualdades e construir repertórios jurídicos que incorporem a equidade racial como horizonte ético e constitucional”, defendeu.

Ao concluir, o juiz enfatizou que, embora a escravidão tenha sido abolida formalmente, os mecanismos de exclusão e opressão seguem ativos e devem ser enfrentados com coragem institucional. “A abolição foi um ponto de partida, não de chegada. E é sobre essa caminhada inacabada que devemos refletir neste 13 de maio.”

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