Em uma iniciativa marcante, uma comitiva composta por membros dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, da Advocacia Geral da União (AGU) e integrantes do TRF6 realizou uma visita significativa à cidade de Mariana e às regiões impactadas pelo rompimento da Barragem de Fundão. Esta ação, voltada para a compreensão mais profunda da tragédia ocorrida em 2015, que resultou em 19 mortes e danos ambientais impactantes, demonstra um esforço contínuo na busca da justiça.
Com a criação do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6) em agosto de 2022, os processos relativos ao desastre foram transferidos para este novo órgão judicial.
A Barragem de Fundão, administrada pela Samarco – uma joint venture entre as gigantes BHP e Vale –, desmoronou tragicamente há mais de oito anos, deixando um rastro de destruição. A visita da comitiva teve como objetivo principal ouvir os relatos e preocupações dos moradores das comunidades afetadas, como Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e a Zona Rural de Mariana.
A visita incluiu uma passagem pela sede da Comissão de Atingidos, em Mariana, onde a comitiva ouviu relatos sobre as dificuldades ainda enfrentadas pelos atingidos. A parada seguinte foi em Bento Rodrigues, uma das localidades mais atingidas pelo desastre. As imagens das ruínas e das marcas deixadas pela lama nas paredes das estruturas remanescentes ainda são visíveis, incluindo os escombros da Igreja São Bento, totalmente destruída pela tragédia.
Seu José Nascimento, mais conhecido como Zezinho do Bento se emociona ao chegar perto de onde morava: “Sinto uma dor no peito e vontade de chorar. Dói muito voltar em um lugar em que as pessoas viviam felizes, plantavam, colhiam e perderam tudo.” Seu Zezinho foi um dos heróis desta tragédia, ao perceber o rompimento da barragem ele correu para um ponto alto e conseguiu acionar os Bombeiros o que permitiu que muitas vidas fossem salvas. Pelo feito foi até condecorado em Brasília.
A Caravana também visitou o assentamento Nova Bento Rodrigues, construído pela Fundação Renova, onde 60 famílias estão residindo.
O juiz da 4ª Vara Federal Cível e Agrária, Vinicius Cobucci Sampaio afirmou “Esta visita nos ajuda a compreender de uma forma mais abrangente a experiência que afetou as comunidades e quais as suas expectativas em relação ao processo”.
O primeiro compromisso público da presidente do TRF6, desembargadora federal Monica Sifuentes em 2024, foi em Mariana, para ouvir essas comunidades. Para a magistrada “estes são problemas que a justiça federal ainda tem que resolver, a visita marca o compromisso do TRF6 em agir com assertividade para amenizar a situação das pessoas afetadas por esse grande trauma que causou o acidente aqui em Minas Gerais”.
Esta visita não apenas traz à luz as contínuas lutas das comunidades atingidas, mas também reforça a importância de uma justiça ágil e sensível no julgamento do maior acidente ecológico do País.