Palestra fez parte de ciclo promovido pelo Conselho Mulher do IBEF
A Presidente do TRF6 (Tribunal Regional Federal da 6a Região), desembargadora federal Mônica Sifuentes, proferiu a palestra "O desafio de criar um Tribunal - um olhar feminino na direção", no dia 6 de junho, na sede do IBEF-MG (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças) em Belo Horizonte. A palestra fez parte do ciclo de debates "Mulheres na Liderança", promovido pelo Conselho Mulher do IBEF. Integrantes do Conselho Mulher, como a presidente do Corecon-MG (Conselho Regional de Economia-MG), Valquiria Assis e as conselheiras Alzira Alice e Tânia Teixeira prestigiaram o evento.
Estiveram presentes também um grupo de diretoras e assessoras da área administrativa do TRF6, simbolizando uma das marcas da gestão da Presidente Mônica Sifuentes: a representação feminina nos cargos do novo tribunal.
Para uma platéia majoritariamente feminina - porém, com vários participantes masculinos - a Presidente Mônica Sifuentes falou sobre as características que diferenciam a liderança exercida pelas mulheres num espaço historicamente dominado por homens, como no Poder Judiciário. Elogiou o Conselho Mulher do IBEF pela promoção da integração entre as lideranças femininas. Destacou a importância de se replicar o "olhar feminino" em outras instituições, públicas ou privadas, para que as mulheres tenham acesso mais rápido aos cargos de direção e aos cargos eletivos. Afirmou que a dificuldade de participação feminina na gestão de organizações é comum a todas as organizações.
"O olhar feminino na direção não corresponde exatamente a uma questão de gênero e sim à escolha de uma nova era de administração tanto pública quanto privada; paulatinamente, vamos abandonando os modelos de gestão piramidais e passando para modelos de gestão circulares, nos quais há uma maior participação de todos os que compõem a organização, de modo a criar estruturas que sejam mais fluidas e democráticas" - definiu Mônica Sifuentes.
Instalação do Tribunal Regional Federal: um chamado
Ela contextualizou a criação do TRF6 para o público e ressaltou a "difícil ascensão" das mulheres aos postos de direção nos tribunais, relembrando a sua própria trajetória, que teve início na magistratura estadual de Minas Gerais, como juíza de Direito, passando pela experiência como membro do Tribunal Regional Federal da Ia Região - onde chegou a ser Corregedora Regional da Justiça Federal da Ia Região - até o desafio atual de presidir o TRF6.
Ao falar de sua volta a Minas Gerais como dirigente máxima da Corte, Mônica Sifuentes disse ter "atendido a um chamado" - fazendo uma analogia com a "jornada do herói", descrita pelo professor de literatura norte-americano Joseph Campbell em seu estudo de mitologia comparada "O Herói das Mil Faces".
Ela conta que ao sair do cargo de Corregedora de um tribunal já estruturado para liderar a construção do TRF6 com poucos recursos e muitos obstáculos, teria iniciado "uma saga pessoal", na qual escolheria deixar de lado um objetivo pessoal para alcançar um bem coletivo maior.
Mônica Sifuentes recordou instantes de grande desafio em sua vida pessoal e em sua carreira, nos quais foi necessário o mergulho interior e a busca pelo autoconhecimento. Um desses momentos especiais resultou na autoria do livro "Um Poema para Bárbara" - romance histórico sobre Bárbara Heliodora, um ícone feminino da Inconfidência Mineira, que hoje está em sua terceira edição, contabilizando mais de 30 mil exemplares vendidos.
Enfatizando que o TRF6 "é o único tribunal que nasceu liderado por uma mulher", ela reafirmou o compromisso de promover a equidade de gênero na Corte - entre outras ações afirmativas em curso na sua administração.
Ao final da palestra, citou a pesquisadora norte-americana Brené Brown, que ensina a lidar com a vulnerabilidade e a coragem como componentes da liderança, e o brasileiro Guimarães Rosa, com o verso de um de seus poemas: "a vida... o que ela quer da gente é coragem".