13 de maio: a abolição incompleta e os caminhos da justiça racial

Imagem retangular, com fundo ilustrado por uma pintura que retrata uma cena de capoeira, arte afro-brasileira que une luta, dança, ritmo e movimento.

Em primeiro plano, dois homens negros praticam capoeira. Um deles está de cabeça para baixo, fazendo um movimento acrobático com as pernas no ar, apoiado nas mãos. Ele veste calça branca e camiseta clara. O outro capoeirista está agachado à esquerda, com uma das mãos estendidas em direção ao parceiro; veste camiseta amarela e calça branca.

À direita, um terceiro homem negro está sentado em um banco, de frente, tocando um berimbau — instrumento típico da capoeira. Ele veste roupa verde e amarela.

O cenário de fundo é simples, com uma parede branca e um telhado de barro laranja, remetendo a construções típicas do Brasil colonial ou rural.

No centro da imagem, sobreposta à pintura, está a mensagem:

“13 DE MAIO
A ABOLIÇÃO INCOMPLETA
E OS CAMINHOS DA JUSTIÇA RACIAL”

As palavras “13 DE MAIO”, “INCOMPLETA” e “E OS CAMINHOS DA” estão em vermelho; já “A ABOLIÇÃO” e “JUSTIÇA RACIAL” aparecem em verde escuro, destacando a importância da luta por equidade racial no país, mesmo após a abolição da escravidão em 1888.

Na parte inferior esquerda, há uma legenda pequena:

“Obra Capoeira, releitura Carybé por Cleber Souza” — referindo-se à pintura que é uma releitura do artista Carybé, realizada por Cleber Souza.

No canto inferior direito, há o logotipo da Justiça Federal da 6ª Região — TRF6 — com símbolo gráfico em rosa e o texto em vermelho:

JUSTIÇA FEDERAL
TRF6

Em 13 de maio de 1888, foi assinada pela princesa Isabel a Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravidão no Brasil. O ato representou o fim formal de mais de três séculos de trabalho forçado e desumanização da população negra no país. No entanto, o marco legal não foi acompanhado por políticas públicas de inclusão, reparação ou proteção social para os milhões de pessoas libertas.

A assinatura da Lei Áurea foi o resultado de uma longa e complexa luta travada por pessoas negras escravizadas, quilombolas, abolicionistas, intelectuais e lideranças populares. A resistência à escravidão não começou no século XIX, mas desde os primeiros dias de colonização. Insurreições, fugas, formações de quilombos e estratégias de sobrevivência moldaram a história da luta por liberdade.

Apesar da conquista, os libertos foram deixados à própria sorte, sem acesso à terra, educação, moradia ou trabalho digno. Essa ausência de medidas de inclusão estruturou desigualdades que atravessam gerações e ainda se fazem presentes em diversas esferas da sociedade. Por isso, muitos representantes do movimento negro não consideram o 13 de maio uma data de celebração, mas sim o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, que homenageia Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência e da luta coletiva por direitos.

Para o Tribunal Regional Federal da 6ª Região, o 13 de maio deve ser compreendido como um momento de reflexão profunda sobre o passado e seus desdobramentos no presente. É uma data que convida à memória crítica, ao enfrentamento do racismo estrutural e à reafirmação do compromisso com uma Justiça acessível, inclusiva e atenta à equidade racial.

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